quinta-feira, agosto 05, 2010

MEDITAÇÃO SOBRE O MEDO

Por Swami Paramarthananda


PARTE 1

Outro grande problema mental é o medo. Medo é universal. Mesmo os animais e as plantas têm medo. Este medo expressa-se na nossa vida sob a forma de diferentes tipos de ansiedades – em relação ao futuro, à nossa família, ao nosso trabalho ou negócios. Algumas ansiedades são mais suaves e outras mais fortes. Todos nós sabemos que essas ansiedades não são boas para a nossa saúde física, mental e espiritual. Sabemos que a ansiedade é totalmente inútil. Nós não podemos mudar o nosso futuro tornando-nos ansiosos.

Então, o nosso problema não é a ignorância. Sabemos que não é bom ter medo. Ainda assim continuamos a encontrar-nos ansiosos, tensos, preocupados e com medo. Desta forma é evidente que o problema não é intelectual. Se o problema fosse intelectual o conhecimento, por si só, teria removido o problema. Mas nós percebemos que não é assim. Portanto, o problema deve pertencer à nossa mente, aos nossos hábitos mentais.

A maioria dos problemas mentais é hábitos emocionais que se formaram por eu ter sistematicamente alimentado e entretido essas emoções. Agora, essas emoções estão profundamente enraizadas na minha mente subconsciente. São samsaras ou vasanas. Se eu quiser que elas se vão embora, eu tenho que conscientemente desenrolá-las e praticar o seu oposto. Não por um dia ou dois, mas por um longo período de tempo. Eu tenho que me sentar calmamente, trazer as minhas ansiedades, colocá-las para fora e descobrir uma mente forte por debaixo. Devo dizer a mim mesmo que não estou ansioso. Inicialmente, dizer isto é algo mecânico ou parece mecânico, mas no devido tempo, tornar-se-á num hábito assimilado positivo. E no desenvolvimento deste novo hábito, eu tenho a ajuda do Senhor. Eu rezo para ter força.

"Oh Senhor! Dá-me força para receber o meu futuro, seja ele qual for. Eu não conheço o meu futuro ou o futuro da minha família ou o futuro do meu país. Eu sei que será uma mistura de bom ou mau e eu terei que viver com eles, porque eu vim aqui para esgotar o meu karma. Eu não posso evitá-los, não posso esquivar-me. Eu quero apenas força para recebê-los com calma, sem ansiedade. "

Eu deveria acreditar que a oração me fortalece. Eu sou mais forte depois de cada oração fervorosa e sincera. Eu possuo essa força e digo a mim mesmo que agora sou mais forte, pronto para receber qualquer situação na vida: minha própria velhice, doença ou morte, os altos e baixos dos familiares, o sucesso ou o fracasso nos negócios.

Eu já não estou ansioso. Eu já não estou tenso. Eu já não estou preocupado. Eu sou forte o suficiente para enfrentar qualquer coisa.

Estou relaxado, estou relaxado, estou relaxado.

ŚĀNTOHAM
ŚĀNTOHAM
ŚĀNTOHAM


PARTE 2

Um dos valores enfatizados nas nossas escrituras é o valor de Abhayam - destemor.

O medo é um obstáculo para a nossa paz de espírito. O medo é um obstáculo para o conhecimento Védico. Diferentes pessoas podem acolher o medo por motivos diferentes. Seja qual for a razão, o medo é um problema.

A nossa vida é sempre imprevisível. Nós não conhecemos o nosso karma. Não sabemos qual será o nosso futuro. Se continuarmos a imaginar os problemas e perigos, não há um fim para o medo.

Sempre que vejo um acidente nas notícias posso ficar com medo de sair de casa. Sempre que escuto uma tragédia, posso imaginar-me tendo uma tragédia semelhante. Sempre que sei de um roubo posso imaginar uma coisa dessas acontecendo comigo. Não existe um fim para essas imaginações.

Toda a segurança que eu tenho é insuficiente para me proteger. Pessoas com o máximo de segurança foram roubadas e mortas. É impossível vencer o medo aumentando a segurança.

O medo é um problema de uma mente fraca. A única solução que eu tenho é descobrir a segurança dentro da própria mente.

Há tanta gente sem posses que não tem medo, enquanto que há pessoas que têm toda a segurança, posses e bens e que mesmo assim vivem com medo o tempo todo.

A única solução é fortalecer a mente. Eu não conheço o meu futuro. Talvez tenha que enfrentar dificuldades, mas eu tenho que ser forte o suficiente para enfrentá-las.

Esta força pode ser obtida através de duas fontes: uma é entregando-me ao Senhor e a outra é a auto-sugestão. Toda vez que eu rezo para o Senhor, eu peço força para enfrentar situações imprevisíveis.

"Oh Senhor, eu não conheço o meu futuro. A minha vida pode ser fácil ou turbulenta. Tenho que enfrentá-las. Não posso escapar ao meu karma. Eu não quero que mudes as leis por minha causa. Deixa vir tudo o que tem que vir. Eu quero apenas que me dês a força para enfrentá-las com equanimidade ".

E após cada oração eu digo a mim mesmo: eu sou mais forte agora pela graça do Senhor. Eu tenho a força para enfrentar o meu futuro.

Eu não imagino nem me preocupo com o meu futuro. Que o futuro se desdobre por si mesmo… talvez venha a velhice, talvez a separação, talvez até mesmo a morte. E quando vierem e da maneira que vierem, eu vou enfrentá-los.

Pela graça do Senhor, eu tenho a força necessária. Eu sou forte e destemido.

ABHAYASVARUPAH AHAM – Eu sou destemido
ABHAYASVARUPAH AHAM – Eu sou destemido
ABHAYASVARUPAH AHAM – Eu sou destemido



Estas meditações são da autoria do Swami Paramarthananda. Foram retiradas do site yogamalika.org e traduzidas para o português por Simão Monteiro.
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domingo, julho 18, 2010

RETIRO DE YOGA ”OS SÚTRAS DO YOGA”




Com Miguel Homem e Simão Monteiro


2 a 5 de Outubro


Quinta das Águias, Paredes de Coura
Max. 22 participantes


O mais famoso texto de Yoga, Yoga Sútras, é um verdadeiro manual de instruções para o ser humano.

Neste retiro, o Simão e o Miguel propõem-se a desvendar o que está por trás dos principais aforismos daquele texto para que o mapa do Yoga possa ser seguido com clareza e segurança.

Entre práticas e estudo, este retiro pretende ser uma reflexão num ambiente tranquilo e descontraído, para que o Yoga seja assimilado e produza efeitos no dia-a-dia de cada um.

Dois amigos e irmãos de caminhada juntam-se para reflectir e praticar e estendem o convite a quem mais quiser a partilha.


Praticantes de quaisquer tradições são bem-vindos!



Programa previsto
(sujeito a pequenos ajustes)



2 de Outubro, sábado

15:00 – Chegada à Quinta das Águias
16.00 – Boas-vindas aos participantes e apresentação do encontro
17.00 – Prática inicial: shat karma, ásana, yoganidrá, pránáyáma e meditação
19:30 – Jantar
21:00 – Satsanga (convívio) e kirtan

3 de Outubro, domingo

07:00 – Prática: shat karma, ásana, yoganidrá, pránáyáma e meditação
09:30 – Pequeno-almoço
11:00 – Estudo: Introdução aos Yoga Sútras; O Yoga segundo Patañjali
13:00 – Almoço, descanso, caminhadas (traga calçado impermeável)

16:00 – Estudo: Abhyása e Vairágya, os dois pilares do Yoga
18:00 – Prática: Saudação ao Sol com os respectivos mantras, yoganidrá e meditação
19:30 – Jantar
21.00 – Sat Sanga (convívio) e kirtan


4 de Outubro, segunda-feira

07:00 – Prática: shat karma, ásana, yoganidrá, pránáyáma e meditação
09:30 – Pequeno-almoço
11:00 – Estudo: O conceito de Íshvara no Yoga
13:00 – Almoço, descanso, caminhadas (traga calçado impermeável)

16:00 – Estudo: O Kriyá Yoga de Patañjali
18:00 – Prática: Vinyasa Krama Yoga - ásana, movimento e respiração
19:30 – Jantar
21.00 – Sat Sanga (convívio) e kirtan

5 de Outubro, terça-feira

07:00 – Prática: shat karma, ásana, yoganidrá, pránáyáma e meditação
09:30 – Pequeno-almoço
11:00 – Estudo: O Ashtanga Yoga de Patañjali, o Yoga em 8 partes
13:00 – Almoço e descontracção
14:30 – Sat Sanga final (dúvidas e esclarecimentos) e Kirtan de encerramento
15:30 – Saída

Sobre os Sat Sangas e Kirtans:

Satsangas são encontros em que tradicionalmente se entoam kirtans (cânticos do Yoga) e se conversa sobre o ensinamento do Yoga, sobre a verdadeira natureza do ser humano, que é ser completo (púrna), livre de limitações e sobre as diferentes práticas que possibilitam esse reconhecimento. Kirtan são os cânticos do Yoga, formas de mantras feitos, na sua maioria, de forma mais descontraída e que consistem na repetição dos diferentes nomes das facetas do absoluto, de Brahman.



Sobre os professores



Miguel Homem fez o curso completo de formação para instrutores de Yoga com Pedro Kupfer. Aprofunda-se no estudo e prática de ásana segundo o método Iyengar desde 2004. Desde 2005, viaja anualmente para estudar na Índia com Pujya Swami Dayananda em Rishikesh e com o Swami Paramarthananda em Chennai. Desde 2007 estuda Yoga e Ayurveda com David Frawley.

Estuda e pratica aproximadamente 2 meses por ano na Índia. Ensina Yoga e Vedánta na Casa Ganapati em cursos e retiros e edita o site: www.dharmabindu.com.





Simão Monteiro iniciou a sua prática e estudo de Yoga em 2001.

Fez o curso completo de formação para instrutores de Yoga com Pedro Kupfer. Pratica Yoga com o Prof. Nuno Cabral desde 2008.

Continua sempre a aprender com o seu professor e amigo Pedro Kupfer e segue os ensinamentos do Swami Paramarthananda e Swami Dayananda.

Actualmente faz parte da direcção do Centro de Estudos de Yoga (CEY), na Parede, juntamente com a sua companheira Tânia.

Ensina o Hatha Yoga Tradicional como um todo dentro da Tradição Védica.



Local do Retiro: Quinta das Águias, Paredes de Coura

A Quinta localiza-se numa zona rural em Paredes de Coura e ocupa uma área de 6 hectares de jardim e bosque, de que os participantes poderão usufruir para passeios ou práticas pessoais.



Sobre o Alojamento e alimentação:

a) Alojamento em casa rústica em pedra, na Quinta das Águias, com capacidade para acolher 16 pessoas em acomodações comuns de 2, 4 e 6 pessoas.

b) Campismo nos jardins ou bosque da Quinta, com acesso às instalações da Casa de Pedra.

c) Alojamento fora da Quinta das Águias.

As refeições para todos serão servidas na Quinta das Águias.


Por favor observe as seguintes regras durante a sua estadia na quinta:

• Todas as refeições servidas na Quinta serão estritamente vegetarianas. Agradecemos que não traga produtos alimentares contendo carne ou peixe.

• Não é permitido fumar dentro da Quinta.


Localização da Quinta das Águias:

Depois da inscrição cada participante receberá um e-mail com as indicações precisas (ao km) para chegar à Quinta tranquilamente, sem incómodos ou enganos.




Valor do Retiro e Pagamento:


a) Incluindo hospedagem na Quinta das Águias e alimentação: 200€.

b) Incluindo campismo na Quinta das Águias e alimentação: 170€.

c) Incluindo hospedagem fora da Quinta das Águias e alimentação: 162,5€.


Estes valores sofrerão um agravamento de 30€ a partir de 15 de Setembro de 2010.


O pagamento do Retiro poderá ser parcelado da seguinte forma: 100€ no acto da inscrição e o restante até 15 dias antes do curso.


Por motivo de organização:


· As inscrições só se efectivam com o pagamento do evento.

· Não serão feitas quaisquer excepções quanto às datas de pagamento.

· Não serão admitidas reservas de lugares.

· Não serão feitos reembolsos dos valores pagos.


Agradecemos a sua compreensão

Informações e inscrição

miguelhomem@gmail.com / www.dharmabindu.com

simaoyoga@gmail.com / www.yogabindu.blogspot.com

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domingo, junho 27, 2010

YOGA WORKSHOP

COMO MONTAR UMA PRÁTICA DE HATHA YOGA

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domingo, junho 13, 2010

FOTOS DO RETIRO "AS FONTES DO HATHA YOGA" COM PEDRO KUPFER

Mafra, Centro 4Ventos, Maio 2010

Para o ano há mais...











Fotos de Daniel Souza
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segunda-feira, maio 31, 2010

PRATILOMA UJJAYÍ


Este é um pránáyáma que me foi ensinado pelo meu Prof. Nuno Cabral. É um pránáyáma que gosto particularmente e por isso decidi colocar aqui no blog. Espero que desfrutem.

Prática:

1 - Sente-se numa postura confortável. Pode ser de pernas cruzadas (samanásana, siddhásana, sukhásana), sentado sobre os calcanhares (vajrásana), ou ainda sentado num bloquinho ou almofada que fica entre os pés, em vez de sentar sobre os calcanhares (virásana). O importante é manter o tronco, pescoço e cabeça alinhados sem desconforto ou tensão no corpo.

2 - Os olhos permanecem suavemente fechados e as mãos pousadas sobre as pernas ou joelhos em jñána mudrá (pontas dos dedos polegares e indicadores tocam-se),

3 - Uma vez relaxado e estabilizado o corpo traga a atenção para a respiração.

4 - Observe o ar entrando e saíndo pelas narinas, sem esforço.

5 - Comece a fazer a respiração ujjayí de forma suave. O ar ao entrar e saír pelas narinas produz um som semelhante a um sussurro ou ao som do mar. Esse som é produzido devido a uma contracção suave da glote. O ar ao passar na garganta, como o canal está parcialmente obstruído, produz esse som.


Começa o exercício. Durante todo o exercício a respiração deve ser pausada, uniforme, consciente e sem ficar ofegante. Os passos são os seguintes:

6 - Expire o ar por ambas as narinas.

7 - Inspire por ambas as narinas de forma lenta.

8 - Faça uma breve retenção com os pulmões cheios.

9 - Tape a narina esquerda (pode usar o dedo médio da mão direita, mantendo o jñána mudrá ou fazendo outro gesto como o vishnu mudrá) e expire pela narina direita.

10 - Depois de esvaziar os pulmões volte a inspirar apenas pela narina direita.

11 - No final da inspiração destape a narina esquerda e expire por ambas as narinas.

12 - Inspire por ambas as narinas.

13 - Breve retenção com pulmões cheios.

14 - Tape agora a narina direita e expire pela narina esquerda.

15 - No final da expiração inspire pela mesma narina, a esquerda.

16 - Destape a narina esquerda no final da inspiração e expire por ambas as narinas.

17 - Isto é um ciclo.


O número de ciclos fica ao critério do praticante mas aconselho que faça pelo menos 5 ciclos para sentir o pránáyáma.

Praticantes com mais experiência podem adicionar os bandhas no kumbhaka.

No inicio é bom fazer sem contar tempo. Deixar a respiração fluir, calmamente, procurando fazer uma respiração longa, uniforme e consciente.

Com a prática poderá introduzir um ritmo a seu gosto. Eu pessoalmente gosto de fazer da seguinte forma: inspirar e expirar no mesmo tempo e reter com ar no dobro desse tempo; quando inspiro e expiro por uma narina apenas, normalmente não faço retenção e por isso a inspiração e expiração são mais longas. Por exemplo: inspirar por ambas as narinas durante 10 segundos, reter 20 seg e ao expirar por uma narina fazê-lo durante 15 seg. Depois inspiro por essa narina durante 15 segundos e ao expirar pelas duas narinas volto a fazê-lo por 10 segundos... e continuo nesse ritmo...

Este pránáyáma deixa-me bastante centrado, focado e tranquilo. É optimo para fazer antes de uma meditação.


Boas práticas

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quarta-feira, maio 19, 2010

MEDITAÇÃO SOBRE VALORES

Por Swami Paramarthananda


Meditação sobre o Ódio - Parte 1

Quando qualquer pessoa ou objecto cria descontentamento na nossa mente, a primeira reacção é de irritação ou de raiva e essa irritação ou raiva é convertida em ódio. A raiva ou a irritação pode ser momentânea, mas o ódio fica permanentemente na mente. Mesmo passados vários anos, o próprio nome da pessoa traz o ódio à mente e esse ódio perturba a mente.

Uma mente cheia de ódio nunca poderá ser relaxada ou pacífica. Ódio corrói a mente como o ácido. Quando odiamos os outros o nosso próprio coração queima. A nossa própria mente é ferida. Desta forma, o ódio é um castigo a nós mesmos por um erro de outra pessoa.

Quando desenvolvemos ódio contra diferentes pessoas, diferentes objectos e diferentes situações, a nossa mente torna-se completamente desequilibrada. Ela nunca pode desfrutar de saúde normal. Ela torna-se numa mente doente. Com esta mente doente, ao escutarmos Vedánta, o conhecimento nunca fica registado na mente. Mesmo que o conhecimento se registe em tal mente, torna-se puramente académico. Ele não nos beneficia.

Portanto, como buscadores, devemos olhar para o ódio como um problema crónico muito sério. A menos que o tratemos especialmente por um período considerável de tempo, o ódio nunca se afastará. Uma abordagem casual nunca poderá funcionar. Assim, eliminar o ódio deve ser um projecto importante na nossa vida. Dia após dia, devemos lembrar-nos disso e estar sempre alerta.

O ódio vem porque eu não sou capaz de suportar/enfrentar este prazer ou desconforto. É sinal de uma mente fraca. Uma mente fraca fica irritada com as pessoas e coisas e uma mente fraca rapidamente desenvolve ódio. Portanto, a única forma é fortalecer a mente. Minha mente deve ser forte o suficiente para lidar com qualquer crítica ou mau comportamento dos outros, sem desenvolver irritação ou ódio.

Eu posso tratar pessoas diferentes de forma diferente. Mas não desenvolvo ódio de forma alguma. Sempre que há uma ferida no corpo, posso dar um tratamento doloroso, mas eu não odeio o meu corpo. Da mesma forma, eu posso ter que tratar as pessoas com severidade, eu posso ter de lidar com as pessoas de forma diferente. Mas certifico-me de que não desenvolvo ódio para com elas. Estou interessado no seu bem-estar. Desejo-lhes bem. Peço a Deus para o seu crescimento e maturidade. Isso só é possível se a minha mente é muito forte e eu posso fortalecer a minha mente com a oração e auto-sugestão.

Peço ao Senhor para me dar uma mente forte e depois de cada oração eu sinto que sou forte. Digo a mim mesmo que eu sou forte. Pela graça de Deus, estou mentalmente forte. Eu não odeio ninguém neste mundo. Eu não quero odiar nem mesmo o pior inimigo cujo negócio só está a prejudicar-me. Eu simpatizo com a sua imaturidade. Eu rezo para o seu crescimento. Apesar de eu sofrer por causa dele, eu não quero odiá-lo. Posso não ser capaz de amá-lo. Isso exige mais força, mas primeiro desisto do ódio.

Eu não odeio ninguém. Eu não odeio ninguém.

Eu estou calmo, estou relaxado, estou relaxado…

ŚĀNTOHAM
ŚĀNTOHAM
ŚĀNTOHAM
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Meditação sobre o Ódio - Parte 2

Voltamos a ter o ódio ou dvesa, agora de forma mais elaborada. Devido a dvesa, a nossa mente está sempre perturbada e jamais poderá desfrutar da paz de espírito. A nossa busca espiritual é bloqueada por este dvesa. Uma mente cheia de dvesa nunca poderá ganhar o conhecimento: "Eu sou o todo, eu sou Brahman". Se ganharmos este conhecimento, não rejeitaremos ninguém neste mundo. Se tivermos de ser Purnam, não podemos rejeitar nenhuma coisa neste mundo. Nós temos que aceitar tudo, acomodar tudo. Nós não podemos odiar qualquer coisa neste mundo. Na Gita, o Senhor diz: "Adveshtá sarvabhútánám".

Se eu tenho que me livrar desta fraqueza, tenho que primeiro descobrir que é o maior obstáculo para a minha evolução espiritual. O ódio contra qualquer pessoa é injustificável, ilegítimo e prejudicial. Muitas vezes eu tento justificar o ódio. Eu descrevo o comportamento ou acções da pessoa que eu odeio e quero portanto concluir que odeio essa pessoa. Eu quero encontrar condições para o ódio. Eu ainda sinto que estou certo em odiar essa pessoa. Mas lembro, as escrituras nunca concordaram com esta opinião. Não existe ódio justificado. Ódio em quaisquer circunstâncias não é saudável e é um obstáculo para a libertação (moksha).

As pessoas podem comportar-se de uma maneira perversa, a sua linguagem pode ser bruta, suas acções podem prejudicar os outros e, muitas vezes, eu posso ser a vítima. As escrituras não dizem que eu devo aceitar a situação cegamente. Eu posso tentar fazer o meu melhor para que a pessoa melhore e se arrependa. Eu posso mudar a situação. Posso usar a reconciliação (Shama), concessão (Dana), enfraquecimento (Bheda), ou por último, castigo (Danda). O que quer que eu faça, eu não deveria odiar a outra pessoa. No fundo do meu coração eu desejo o bem para a pessoa. Eu não amaldiçoo a pessoa.

Quando tenho uma ferida num dos meus membros sinto dor. Eu trato a ferida. Por vezes o tratamento é doloroso, mas no fundo do meu coração eu não odeio esse membro porque ele é uma parte de mim. Eu dou o tratamento apenas por amor. Da mesma forma, cada ser humano é como um dos meus membros. Alguns membros são saudáveis e alguns não. Mas todos eles me pertencem.

Eu não odeio ninguém. Isto não é uma coisa fácil, mas é uma obrigação para todos os buscadores. Sem abandonar o ódio, todo o estudo das escrituras não terá nenhum valor. Eu posso ser um estudioso. Posso citar as escrituras. Eu posso ensinar o mundo inteiro, mas serei um Samsari enquanto não abandonar o ódio. As escrituras não dão nenhuma escolha nisto. O ódio só pode ser abandonado quando a mente é forte.

A mente fraca odeia, uma mente forte aceita. A mente fraca rejeita, uma mente forte acomoda.

Então eu peço ao Senhor que me dê força para acomodar todos sem odiar ninguém. Mesmo que amar seja difícil pelo menos eu posso parar de odiar os demais.

Eu não odeio ninguém. Eu aceito todos, apesar das suas fraquezas. Eu não odeio ninguém.

Eu aceito todos, eu aceito todos, eu aceito todos.

ŚĀNTOHAM
ŚĀNTOHAM
ŚĀNTOHAM
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Estas meditações são da autoria do Swami Paramarthananda. Foram retiradas do site yogamalika.org e traduzidas para o português por Simão Monteiro
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